Autoras: Cláudia Pinheiro e Teresa Figueiras

Professoras Auxiliares, Instituto Universitário da Maia
Membros Integrados do Centro de Investigação em Qualidade de Vida, na área científica Educação e Formação

 

Porquê o Observatório Nacional da Violência contra Atletas?

Evidências científicas, internacionais e nacionais (e.g., Gretchen Kerr, Wilson, & Stirling, 2020; Ohlert, Seidler, Rau, Rulofs, & Allroggen, 2018; Pinheiro, Pimenta, Resende, & Malcolm, 2014; Vertommen et al., 2016), têm vindo a demonstrar que no contexto desportivo existem situações de violência contra os/as atletas que são sistematicamente silenciadas, validadas e normalizadas e que raramente são partilhadas ou reportadas aos orgãos competentes. Conhecer a violência exercida contra os/as atletas é fundamental para prevenir e combater a sua ocorrência.

De um modo geral, a violência no contexto desportivo pode incluir a exposição a (e.g., Alexander, Stafford, & Lewis, 2011; Brackenridge, Kay, & Rhind, 2012; Evans, Adler, Macdonald, & Cote, 2016; Kari Fasting, Chroni, & Knorre, 2014; Mountjoy, Rhind, Tiivas, & Leglise, 2015):

  • agressões físicas e psicológicas infligidas por figuras de referência (e.g., treinador/a, dirigente, membros da equipa médica, familiares ou pares) (e.g., Jacobs, Smits, & Knoppers, 2016; McPherson et al., 2016; Owusu-Sekyere & Gervis, 2014; Pinheiro, Pimenta, & Malcolm, 2018; Vertommen et al., 2016);
  • cargas de treino excessivas potenciando o risco de lesões físicas ou danos psicológicos (e.g., Kerr, 2010; McPherson et al., 2016; Oliver & Lloyd, 2015);
  • uma cultura de risco (e.g., treino/competição sob circunstâncias em que os/as atletas se encontram lesionados/as ou emocionalmente desgastados/as) (G. Kerr, 2010; Pike & Scott, 2015);
  • práticas sexuais não consentidas (e.g., Alexander et al., 2011; Fasting et al., 2014; Parent, Lavoie, Thibodeau, Hébert, & Blais, 2016; Rintaugu, Kamau, Amusa, & Torioloa, 2014).

Os efeitos desta violência podem manifestar-se a curto, médio e longo prazos, comprometendo o bem-estar e a saúde dos/as atletas (e.g., Emery, Hagel, Decloe, & Carly, 2010; K. Fasting, Brackenridge, & Walseth, 2002; Gervis & Dunn, 2004; Pinheiro et al., 2018; Stirling & Kerr, 2013) e acima de tudo hipotecando o papel do desporto na formação e desenvolvimento da pessoa.

Apesar destas evidências internacionais, em Portugal há uma escassez de estudos e de mecanismos de reporte que estejam facilmente ao alcance de todos e que permitam às vítimas reportar, anonimamente as situações de violência a que estão ou estiveram expostas no âmbito do treino e/ou competição. Foi neste contexto que, o ISMAI/Maiêutica em colaboração com a Associação Plano i, lançou em setembro de 2020 o Observatório Nacional da Violência contra os/as Atletas (ObNVA). Este observatório procura agregar informação sobre situações de violência contra atletas, à margem das associadas aos eventos desportivos, nomeadamente no espaço reservado ao público (por exemplo com claques), uma vez que estas últimas já são devidamente monitorizadas por outras entidades. O Observatório Nacional de Violência contra os/as Atletas, concretiza-se num formulário online, anónimo e confidencial que pode ser preenchido por todas e todos que são/foram vítimas de violência exercida sobre o/a atleta no contexto de treino e de competição, que são/foram testemunhas dessa violência ou que tomaram conhecimento da mesma.

 

Objetivos do projeto

i) efetuar o levantamento das situações/episódios de violência exercida sobre os/as atletas em diversos contextos (treino, competição, online)

ii) Caracterizar as situações de violência contra atletas, na ótica da compreensão das suas tipologias, dinâmicas, consequências e implicações;

iii) Analisar a perceção do indivíduo que relata, acerca do limite, a partir do qual, entende a ação descrita como um ato de violência.

iv) Encaminhar as pessoas que o desejarem para as autoridades competentes (e.g., órgãos de polícia, serviços de atendimento e apoio a vítimas);

v) Contribuir para o desenvolvimento de estudos científicos no domínio em apreço;

vii) Contribuir para a otimização das políticas e medidas de prevenção e combate à violência contra atletas.

 

Equipa do projeto

Claudia Pinheiro – Instituto Universitário da Maia, membro integrado do CIEQV

Teresa Figueiras – Instituto Universitário da Maia, membro integrado do CIEQV

Sofia Neves – Instituto Universitário da Maia. Presidente da Associação Plano i

Janete Borges – Instituto Universitário da Maia

 

Parceiros do projeto

Instituto Português do Desporto e Juventude

Comité Olímpico de Portugal

Ordem dos Psicólogos de Portugal

Confederação de Treinadores de Portugal

Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto

Centro Interdisciplinar de Estudos de Género

 

Embaixadores do projeto

Diana Gomes (atleta olímpica de natação)

João Rodrigues (atleta olímpico de prancha à vela)

 

Website do Observatório:

https://obnva.ismai.pt

 

Redes sociais:

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Artigo publicado na Newsletter de setembro de 2021 do CIEQV